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terça-feira, 11 de junho de 2019

A parábola do trigo e do joio.

    Mateus 13:24-30

 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O Reino dos céus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio. E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem, então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo? Porém ele lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.

🌷 Jesus demostrava conhecer muito bem a agricultura de sua região. Eis uma descrição realista! O trigo e o joio crescem juntos. A realidade é contraditória como a vida. Não há nada, neste mundo, quimicamente puro. Em cada situação e pessoa, a trigo e joio, graça e pecado, generosidade e egoísmo. Nessa dialética, cada um de nós deve se decidir: combater o joio em si mesmo, e optar pelo trigo, ou entregar-se ao joio e deixá-lo sufocar o trigo. Muitas vezes nos perguntamos como o projeto de Deus haverá de vigorar em nossa sociedade se há tanta maldade, corrupção, ódio, e também opressões, injustiça e guerra. A parábola nos faz entender que nada disso impede a germinação da semente de paz e justiça. É preciso manter viva a esperança. Apesar de tudo o trigo brota, ainda que em meio a tantas contradições. São sinais de joio: O egoísmo, a competitividade, o individualismo, a acumulação privada em detrimento dos que carecem de bens essenciais para uma vida digna. Temos que superar a dualidade nessa sociedade ontologicamente marcada pela contradição entre o trigo e o joio. Não querer separa agora o trigo do joio é um exercício de paciência histórica. Quem tentar, corri o risco de cair no fundamentalismo. Há que esperar a colheita. E convém não julgar ou condenar o próximo. Que aos nossos olhos parece ser, hoje, trigo, amanhã pode se revela joio,ou vice-versa. Jesus repudiou aqueles que se considerava puros, justos, e não se misturavam com a plebe ignara. Esta é uma parábola anti fundamentalista. Propõe não dividimos o mundo em "bons" e "maus". De certo modo, cada um de nós carrega aspectos positivos e negativos. Somos um feixe de contradições. E ninguém é juiz de si mesmo, embora nosso narcisismo nos induza, por vezes, a considerar que não temos defeitos como os outros, e a nossa arrogância, nos leve a julgar os outros com uma severidade que não gostaríamos que fosse aplicada a nós.

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